Recentemente, um amigo já bem iniciado no mundo dos vinhos me disse que, de Portugal, só consumia tintos, pois lá não havia bons vinhos brancos.   Fiquei perplexo com essa afirmação bizarra  e a leitura que fiz foi que meu nobre amigo desconhece os vinhos brancos portugueses e, infelizmente, não teve oportunidade ainda de prová-los, ou seja, tá perdoado. Compartilhei com ele que Portugal produz excelentes, variados e singulares vinhos brancos e resolvi listar 7 brancos lusitanos que considero simplesmente fantásticos. Podia ter elencado 70! Mas aí vão 7 vinhos de características diferentes, produzidos em regiões distintas: Alentejo, Douro, Minho, Tejo e Península de Setúbal.

ALENTEJO

1) Pera Manca Branco

É um clássico alentejano. Produzido pela Fundação Eugênio de Almeida (mais conhecida por aqui como Adega Cartuxa).  As castas utilizadas são Arinto e AntãoVaz. Parte do mosto faz estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês e o restante somente tem contato com o inox. Ao final, permanece 9 meses em repouso na garrafa antes de ser comercializado. Possui frescor, mineralidade, notas cítricas e estrutura.

Abaixo, algumas ampolas do Pera Manca Branco que felizmente já cruzaram meu caminho:

2) Joaquim Madeira Branco

Produzido pela Casa Agrícola Santana Ramalho, a mesma responsável pelo cult Avó Sabica.  Possui Arinto, Antão Vaz e a internacionalíssima Chardonnay em sua composição. Antão Vaz e Chardonnay fermentam em barricas de carvalho francês e a Arinto somente passa por tanque de inox.  A Chardonnay marca bem o palato do vinho. Equilibrado, possui boa acidez e corpo.

Algumas safras do Joaquim Madeira Branco que degustei recentemente:

DOURO

3) Guru

É um colecionador de prêmios. Produzido pela Wine & Soul do casal de enólogos Sandra Tavares e Jorge Borges. Em sua composição são utilizadas uvas provenientes de  vinhas com 50 anos de idade média que possuem castas como Gouveio, Rabigato, Viosinho e Códega do Larinho. Vinho elegante, complexo, que apresenta notas cítricas e leve fumado.

Ampolas do Guru que já me refrescaram:

4) Dona Berta Vinha Centenária  Reserva Branco

 Este foi uma descoberta recente e uma agradável surpresa. A safra 2012 está prontíssima para beber, mas apresenta grande potencial de guarda. Elegante, possui estrutura e corpo.  Complexo, devido à variedade de castas oriundas de vinhas centenárias,  entre elas, Rabigato, Viosinho, Códega, Verdelho, Malvasia e Códega do Larinho. Na produção, 1/3 do mosto fermenta em barricas de carvalho francês.

MINHO

5) Muros de Melgaço Alvarinho

Alvarinho é a jóia do Minho e uma das minhas uvas brancas favoritas.  Este possui 100% da nobre casta em sua composição. Produzido pelo enólogo Anselmo Mendes, o craque da Alvarinho.   Suas uvas são exclusivamente produzidas em Melgaço que junto com Monção, são responsáveis pelos melhores exemplares desta casta.  Este vinho tem a peculiaridade de fermentar e estagiar em barricas de carvalho francês por 6 meses, o que não é costumeiro nos demais alvarinhos. Como resultado, além das  notas cítricas e da mineralidade típicas desta uva, confere-se mais estrutura e complexidade, sem perder seu agradável frescor.

Estes foram os dois últimos que bebi:

TEJO

6) Marquesa de Alorna Reserva Branco

Produzido na DOC Tejo que fica próxima de Lisboa. As castas utilizadas e sua composição é um mistério não revelado pelo produtor. Sabe-se apenas que são  geralmente 5 castas, majoritariamente portuguesas, proveniente  de vinha com mais de 30 anos. O resultado é fantástico. Vinho complexo, estruturado e com bom corpo. No nariz, percebe-se notas de frutas amarelas e leve toque floral. Possui bom potencial de guarda. Saiba mais sobre o produtor clicando AQUI

Boas recordações do Marquesa:

PENÍNSULA DE SETÚBAL

7) Hexagon

O Hexagon é elaborado pelo produtor José Maria da Fonseca, um dos mais tradicionais da região da Península de Setúbal (saiba mais clicando AQUI). Complexo corte composto por 36%  viosinho, 35% antão vaz, 22% alvarinho e 7% verdelho. Parte fermenta em meias pipas de de carvalho francês e o restante em tanques de inox. Uma parcela faz estágio de 3 meses em carvalho francês de segunda utilização.

Experimente! Vocês vão ficar iguais a mim: entusiastas dos brancos portugueses.

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