O Templo do Vinho
Existem vários museus dedicados ao vinho em diversas partes do mundo, como na Grécia, no Porto, em Barolo, em Paris, na Califórnia, em Rioja, na França e até no Brasil, em Porto Alegre. Entretanto, nenhum deles se compara em grandiosidade ao La Cité du Vin, inaugurado em Bordeaux no início de junho deste ano. Na verdade, o La Cité du Vin é muito mais que um museu, é um lugar único, dedicado à cultura do vinho.
A magnitude do projeto é impressionante. Com o custo estimado em mais de 80 milhões de euros, o prédio concebido pelos arquitetos Anouk Legendre e Nicolas Desmazières tem design futurista inspirado em um decanter e em garrafas de vinho. É um verdadeiro parque de diversões para os amantes do vinho, possuindo mais de 20 áreas temáticas, além de auditório para eventos com capacidade para 250 pessoas e, ao longo deste ano, já estão programados vários seminários, cursos e workshops relacionados ao tema.
A atração aborda, com muita tecnologia, a história, a produção e a comercialização da bebida dentro e fora das fronteiras do país. O conteúdo é mostrado de forma interativa com diversas experiências sensoriais que valorizam as características do vinho. Obviamente, o museu possui uma loja especializada no tema, além de um wine bar e um restaurante que ocupa o sétimo andar e conta com uma vista panorâmica da região. Há ampla oferta de vinhos, inclusive em taças. E não só da França, mesmo numa escala muito menor, há vinhos de outros países produtores.
A região escolhida para instalação do museu não poderia ser outra, já que Bordeaux é, sem dúvida, a região vinícola que goza de maior prestígio na França e provavelmente no mundo. Já foi objeto de colunas pretéritas e só para relembrar, vimos que possui 62 sub-regiões de denominação de origem controlada (AOC) distribuídas em torno do rio Gironde e seus afluentes, o rio Dordogne, ao norte, e o rio Garonne, ao sul. Em Bordeaux são produzidos vários vinhos que estão entre os mais cobiçados e caros do planeta, entre eles, na margem esquerda do Gironde, os cinco míticos Premier Grand Cru Classé: Château Margaux, Mouton- Rothschild, Latour, Haut-Brion e Lafite. E na margem direita são produzidos dois verdadeiros ícones do universo do vinho: o cultuado Château Pétrus (um dos mais caros do mundo) e o célebre Château Cheval Blanc, que também atinge preços estratosféricos. Claro que Bordeaux não vive só de seus vinhos tops e famosos châteaux. Há mais de 7.000 propriedades vinícolas e na região são produzidas 700 milhões de garrafas por ano (88% tinto) de diversos estilos, desde tintos encorpados a brancos doces. A indústria do vinho em Bordeaux gera 55.000 empregos e movimenta 3 bilhões de euros por ano. Apenas 58% da produção permanece na França, sendo que dos 42% que são exportados, 57% são para fora da União Européia. Esses são percentuais médios, se analisarmos somente os vinhos mais caros, a imensa maioria é destinada à exportação. A relevância econômico-cultural do setor para o país é tamanha que o presidente François Holland esteve presente no dia da inauguração do museu, que fica às margens do rio Garonne, com privilegiada vista.
A Cité du Vin abriu recentemente suas portas ao público no dia 1º de junho deste ano e os ingressos individuais para viver a experiência custam 20 euros, que também podem ser adquiridos no site oficial do museu e dão direito a uma taça de vinho. Para quem não tem tempo ou não puder se hospedar na cidade Bordeaux, uma opção viável é o TGV, o trem de alta velocidade, que liga Paris a Bordeaux em pouco mais de três horas. Diversão garantida para os amantes da bebida de Baco! Santé!
Este post foi originalmente publicado na coluna Boas Taças do jornal carioca O Sol em 10 de junho de 2016:
Quer mais dicas enoturísticas da França? Leia o post A Alsácia e seus brancos maravilhosos.
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A produção de leite não escapa a essa evolução.
Gostei do comentário sobre a Winehouse. Estou interessado em conhecer a Casa.
Que ótimo. Vc vai gostar!!! Bjs pai!