Uruguai: sua poderosa Tannat e otras cositas más!

A participação dos vinhos uruguaios na 6ª edição do Rio Wine & Food Festival (RWFF 2018) foi mais uma vez arrebatadora! Nossos vizinhos do sul vieram com tudo, não só mostrando a força de sua célebre tannat, sozinha e em cortes, mas também nos surpreendendo com a qualidade de outras castas que se mostram muito bem adaptadas ao país e capazes de gerar vinhos muito interessantes. São as otras cositas más que confirmam que o vinho no Uruguai tem potencial para ir muito além de sua poderosa tannat!
O Tannat Tasting Tour é promovido oficialmente pelo Wines of Uruguay e a etapa carioca faz parte das atividades da RWFF. Como de costume, os cariocas ficaram maravilhados com a qualidade dos vinhos apresentados. Havia cerca de 30 vinícolas que trouxeram centenas de rótulos para o público degustar e desfrutar!

A poderosa Tannat Uruguaia
Obviamente que a pop star do país teve papel de destaque na Feira e foi tema da Master Class na qual degustamos 10 rótulos de tannat, especialmente escolhidos, com características e propostas bem distintas, mostrando bem a diversidade de estilos que a casta pode expressar no Uruguai. A master class foi conduzida pelo especialista Marcelo Copello, organizador da RWFF, e cada produtor apresentou um dos seus vinhos. A tannat é uma casta francesa, originária da região de Madiran, mas que se adaptou maravilhosamente bem ao Uruguai. Saiba mais sobre ela nos posts anteriores, clicando AQUI e AQUI.




Havia muitos tannats excelentes tanto na master class, quanto na feira. Os uruguaios dominam tão bem a casta que conseguem produzir vinhos com diferentes características, assim, realmente é possível afirmar que há diversos estilos de tannat no Uruguai, desde vinhos mais elegantes e com médio corpo e pouca madeira até os mais encorpados e gastronômicos. Sem contar os diversos cortes que a tannat participa como protagonista, gerando uma infinidade de possibilidades.
Tannat
Abaixo seguem alguns dos vinhos 100% tannat que mais curti na feira e na master class:
- Tannat 2018 da Bodega Nabune. Bem interessante e sem importador no Brasil.
- Aguará 2015 da El Capricho. Um dos que mais gostei. Complexo, possui corpo e elegância.
- Sueños de Elisa 2011 da Viña Progresso. Interessante proposta com estilo bem singular. É fermentado em barricas de carvalho abertas utilizando leveduras selvagens.
- Tannat Single Vineyard 2016 da Garzón. Possui tudo o que desejamos num bom e clássico tannat. É potente, encorpado e persistente. Notas de ameixas, tabaco e chocolate. Passa 18 meses estagiando em barricas de carvalho francês. Recebeu 94 pontos do guia Descorchados 2018.
- Ombú Reserve 2016 da Braccobosca. Trata-se de um tannat bem interessante. É descontraído, ligeiro, vibrante e fácil de beber. Notas de frutas silvestres e discreto aroma de chocolate amargo. Apenas 50% do vinho passa por 5 meses de maturação em barricas de carvalho, os outros 50% ficam somente em tanques de inox. Recebeu 91 pontos do Descorchados 2018.
Entre os tannats top que mais curti, também estavam as parcelas únicas B6 e A6, da safra 2016 da Bouza, que como o nome revela, são vinhos feitos com uvas de parcelas específicas do vinhedo. Ambos possuem corpo e persistência. Estão redondos, mas prometem evoluir bem na garrafa.
- Tannat B6 2016 da Bouza: Estágio de 17 meses em barricas novas de carvalho francês. Recebeu 94 pontos do Descorchados 2018.
- Tannat A6 2016 da Bouza: Estágio de 17 meses em barricas novas de carvalho americano e francês.
Tannat protagonizando em cortes com outras castas
Abaixo os cortes, que mais me impressionaram:
- Cerro Negro Gran Reserva 2015 da Viña Edén. Em degustação às cegas, foi eleito por nós, jurados na RWFF, o melhor corte tinto do Festival. Possui em seu corte tannat, merlot e marselan. Complexo, faz estágio de 18 meses, passando por carvalho francês e tanques de concreto.
- Blend 002 2014 da Narbona. Corte de tannat com cabernet franc. Redondo na boca.
- Monte Vide Eu 2016 da Bouza. Ícone da vinícola. Corte composto por tannat, merlot e tempranillo. Foi escolhido a “melhor mescla tinta” pelo Descorchados 2018, levando 94 pts. Promete evoluir ainda muito na garrafa, bebi recentemente um 2010 que estava maravilhoso.
- Las Brujas 2017 da Artesana. Interessante corte de tannat com zinfandel. Faz estágio de 12 meses em barricas de segundo uso de carvalho francês e americano.
- Prelúdio 2011 da Familia Deicas. Um clássico e um porto seguro no Uruguai. Não tem erro. Recebeu 93 pontos do Descorchados 2018. Corte composto por tannat, merlot, cabernet franc cabernet sauvignon e petit verdot.
Otras Cositas más!
Cabernet Franc
Sou fã do Gran Ombú Cabernet Franc da Bracco Bosca há tempos. Vinho redondo e elegante que vem mantendo sua alta qualidade de forma constante. Foi eleito o melhor cabernet franc uruguaio no ano passado pelo Descorchados e na edição 2018 do guia levou 92 pontos ficando em 2º lugar.
O Petit Clos Cabernet Franc foi uma agradável surpresa. Ainda não o conhecia e foi uma agradável surpresa. Levou 94 pontos no Descorchados 2018, ficando como o melhor vinho uruguaio feito com esta casta.
Merlot
A merlot deixou o corte da Artesana acima mais redondo e agradável, marcando sua participação tanto na boca quanto no nariz. O Dardanelli Family Reserve foi um exemplar interessante da casta que estava presente na feira.
Como merlover incurável, lamentei não ter encontrado na RWFF dois merlots uruguaios que têm se destacado muito e dado o que falar: os premiados Gran Ombú Merlot Reserva da Bracco Bosca e o Merlot Single Vineyard da Garzón.
Chardonnay
A rainha das uvas brancas também se expressa bem no terroir uruguaio. Gostei tanto do frescor quanto do corpo dos chardonnays da Vinã Edén e da Bouza, velhos conhecidos.
Outros brancos
Por fim, separei 4 vinhos brancos que achei muito interessantes:
- Ombú Moscatel da Bracco Bosca 2018. Trata-se de um branco seco e muito agradável, perfeito dentro de sua proposta. Possui corpo leve e acidez gostosa. Apresenta notas cítricas e florais.
- El Capricho Verdejo 2015. Outra agradável surpresa uruguaia na RWFF! Possui ótimo frescor, mostrando boa versatilidade gastronômica, além da harmonização previsível com frutos do mar e peixes mais gordurosos (salmão e atum), eu arriscaria até com comidas um pouco mais picantes, como thai food.
- Albariño Reserva 2017 da Garzón. A vinícola vem mantendo consistência em produzir bons exemplares da casta, tanto nos barricados como nos que somente passam por tanques de inox como é o caso deste Reserve, que preserva um agradável frescor. Alvarinho é uma das minhas brancas preferidas, saiba mais sobre ela clicando AQUI.
- Don Pascual Reserva Viognier 2017. Vinho simples, econômico e agradável. Foi o único exemplar da casta que encontrei na Feira.
Aguardamos a próxima edição do Rio Wine & Food Festival sabendo que o Tannat Tasting Tour é um dos pontos altos de Festival! Quem foi nas edições anteriores vai querer repetir e quem não foi, está perdendo e com certeza irá se surpreender com a qualidade dos vinhos uruguaios!
Veja como foram as edições anteriores do Tannat Tasting Tour em:
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