Vamos falar de Prosecco?

Todos aqui sabem o quanto curto e consumo espumantes! Sou fã e praticante das borbulhas! Tenho sempre uma ampola de espumante pronta para me hidratar, refrescar e socorrer numa eventual necessidade! Por isso, naturalmente aqui no blog e no Instagram os vinhos espumantes sempre marcam presença. Mas há tempos estava devendo um post dedicado ao pop star italiano. Portanto chegou a hora, vamos falar de Prosecco?
Prosecco é um vinho espumante, elaborado majoritariamente com a uva Glera, na região demarcada localizada no norte da Itália, através do método Charmat, que é aquele que consiste em realizar duas fermentações, sendo a segunda dentro de tanques de aço inox (autoclaves) fechados que são capazes de aguentar pressão. Assim, o gás se forma e não é liberado para atmosfera, permanecendo dissolvido no líquido.
O método Charmat (ou método Tanque) é conhecido na Itália como método Martinotti, em homenagem ao inventor Frederico Martinotti que desenvolveu o método em 1895. Já o nome “charmat” vem do engenheiro francês Eugene Charmat que aprimorou e industrializou o método, cerca de 10 anos depois, tornando-o mais eficiente e popular internacionalmente.
A uva Glera deve compor pelo menos 85% do corte e o restante pode conter Verdiso, Bianchetta Trevigiana, Perera, Glera lunga, Chardonnay, Pinot Bianco, Pinot Grigio e Pinot Nero.
Em geral, o Prosecco é um espumante mais simples, despretensioso, mas não podemos generalizar, há diversos Proseccos que apresentam muita qualidade e complexidade, conforme sua DOC (Denominazione di Origine Controllata) ou DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita).

Assim, um Prosecco deve ser elaborado numa das DOC ou DOCG demarcadas, havendo diferentes níveis conforme sua apelação:
- Prosecco DOC está localizada no norte da Itália, é a mais ampla, abrangendo 9 províncias localizadas nas regiões do Vêneto e de Friuli Venezia Giulia. É o famosos basicão;
- Prosecco Trieste DOC e Prosecco Treviso DOC estão em um nível acima do genérico Prosecco DOC, já que estão limitados a uma área menor e com mais controle (Trieste e Treviso).
- Conegliano Valdobbiadene Prosecco Superiore DOCG. Área muito menor e montanhosa entre as cidades de Conegliano e Valdobbiadene. Aqui já temos uma DOCG que é a classificação mais alta para vinhos italianos. Possui padrões e normas mais restritivas, englobando 15 comunas. Nesta região se encontram as seguintes sub-apelações que estão no topo da pirâmide de qualidade dos Proseccos: Conegliano Valdobbiadene Prosecco Superiore Rive DOCG e Valdobbiadene Superiore di Cartizze DOCG:
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Obtido no site Spumanti.it - Conegliano Valdobbiadene Prosecco Superiore Rive DOCG. No dialeto local, o termo “Rive” indica as encostas dos morros íngremes que caracterizam a região. Na denominação existem 43 Rive, e cada um expressa um terroir. Após a palavra “Rive” geralmente segue o nome da encosta.
Rive di San Pietro di Barbozza e Rive di Collalto - Valdobbiadene Superiore di Cartizze DOCG. Se Rive é o “premier cru”, Cartizze é o “grand cru” da região. A DOCG Cartizze é a denominação mais alta de Prosecco. É uma área de apenas 107 hectares de vinhedos, entre as colinas mais íngremes de San Pietro di Barbozza, Santo Stefano e Saccol, no município de Valdobbiadene. Há cerca de 140 produtores com vinhedos na região. É permitido rendimento máximo de 12 toneladas por hectare.
- Conegliano Valdobbiadene Prosecco Superiore Rive DOCG. No dialeto local, o termo “Rive” indica as encostas dos morros íngremes que caracterizam a região. Na denominação existem 43 Rive, e cada um expressa um terroir. Após a palavra “Rive” geralmente segue o nome da encosta.


Também existe Prosecco DOC Rosé . Utiliza-se Pinot Nero (10-15%) para obter uma cor rosa claro.
Quanto ao teor de açúcar os Proseccos podem se classificados como Extra brut, Brut, Extra Dry ou Dry:
E Prosecco no Brasil? Existe?
RESPOSTA: Por enquanto, SIM! Mas somente até 2031.
O motivo é que quando as mudas foram compradas pelos produtores brasileiros, Prosecco era o nome da variedade da uva. A partir de 01/08/2009, quando foi criada a DOC Prosecco na Itália, a casta passou a se chamar Glera e a Itália, através de nova legislação, em conformidade com os padrões da UE para marcas e origens, determinou que a denominação Prosecco seria apenas para os espumantes produzidos na região do Veneto e Friuli Venezia Giulia, protegidas pela DOC Prosecco. De acordo com a lei italiana, produtores de outras partes do mundo terão até 2031 para se adequarem. ou seja, não poderão mais chamar de Prosecco os espumantes elaborados fora da DOC/DOCG, pois estariam infringindo a denominação de origem.
Vários produtores no Brasil produzem espumantes através do método Charmat utilizando a uva Glera, cujas mudas são provenientes do Vêneto e foram compradas como sendo da variedade Prosecco, possuindo inclusive registro no MAPA deste nome para a variedade. Por isso chamam estes vinhos de Prosecco, se referindo ao nome da uva.
E a pergunta de 1 milhão de dólares: Prosecco é bom? Vale a pena?
Resposta: “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena!” já dizia Fernando Pessoa. Na verdade, a pergunta seria: O que você deseja? O que se deve esperar e cobrar de um bom Prosecco é que ele seja um espumante com uma acidez gostosa (muito frescor), frutado, sem muita complexidade e portanto despretensioso e agradável. Obviamente a qualidade melhora muito dos DOCG Conegliano-Valdobiaddene em diante, mas não se deve esperar demasiada complexidade, nem notas evoluídas resultado de longo período de autólise (pão, brioche, fermento etc.). Feito estas considerações, há como ser muito feliz. Lembrando que há uma infinidade de espumantes brasileiros de alta qualidade elaborados pelo método charmat com a mesma proposta.
Agora se a ocasião pede um espumante mais complexo e estruturado, o Prosecco não seria a melhor escolha.
E vc, qual a sua experiência com Proseccos?
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E se você quiser saber mais sobre outro famoso espumante italiano, o Franciacorta, leia o post:
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