O início de agosto marcou o Rio com diversos eventos de alto nível que fizeram a alegria dos enófilos cariocas, como a ViniBraExpo 2018, que chegou a sua segunda edição consolidando-se como a grande feira do vinho brasileiro.

Foram 2 dias intensos que contaram com diversas Master Classes, além da presença de muitos enólogos que ofereceram para degustação centenas de rótulos, desde seus vinhos de entrada até seus tops de gama!

Havia cerca de 50 produtores dos mais variados terroirs do Brasil, estando diversas regiões representadas: RS (Vale dos Vinhedos, Pinto Bandeira, Campanha Gaúcha, Serra do Sudeste…), Planalto Catarinense SC, MG, SP, Vale do São Francisco/PE e BA, PR e até de Goiás!

Muitas personalidades do vinho estavam por lá e tive a oportunidade reecontrar muitas pessoas queridas:

Comecei os trabalhos como manda o figurino, hidratando com excelentes espumantes e assistindo a interessante palestra do enólogo Adolfo Lona, especialista nas borbulhas, que traçou um didático panorama da história dos espumantes no Brasil e suas perspectivas. Já era fã de seus vinhos, inclusive havia vistado sua vinícola em Garibaldi há alguns anos.

ESPUMANTES

E por falar em espumantes, eles estavam fortemente representados na ViniBraExpo.  São o orgulho nacional e havia borbulhas de todas as partes do Brasil. Degustei maravilhosos espumantes e abaixo destaco alguns, dentre velhos conhecidos e novidades.

BRANCOS

Dentre os brancos, havia muitas opções interessantes dentre as castas que não são comumente encontradas por aqui, ou são pouco associadas ao vinho brasileiro, o que mostra que o potencial do terroir brasileiro ainda está longe de ser explorado. Os abaixo chamaram minha atenção:

O Oro Vechio da catarinense Leone di Venezia é um branco feito com as uvas grechetto, gewurztraminer e vermentino, mas é vinificado como tinto, assim o suco extraído das uvas brancas entra em contato com a casca durante a fermentação, ou seja, um vinho laranja. Estilo que sou apreciador! Saiba mais sobre vinhos laranjas clicando AQUI.

E os fãs da popstar das cepas brancas não se decepcionaram, pois além da master class Os melhores chardonnays do Brasil,  havia diferentes expressões da casta na feira, ou seja chardonnay de diferentes estilos e capazes de agradar a todos os gostos e bolsos:

Tive a oportunidade e a honra de curtir uma “mini degustação horizontal” sugerida pela Jane Pizzato, que apresentou os 3 agradáveis rótulos de chardonnay da casa, cada um no seu estilo e proposta.  Começando pelo despretensioso  Fausto,  passando pelo interessante e expressivo Pizzato Chardonnay, para terminar com chave de ouro, com o complexo e saboroso Legno 2017, que diferente dos outros, fermenta em barris de carvalho.

TINTOS

Os fãs da syrah certamente saíram da ViniBraExpo bem satisfeitos.  A casta parece que se adaptou bem ao nossos terroirs, apresentando bons vinhos em regiões novas como SP, MG e GO; além de marcar sua posição no tradicional estado produtor do RS.

Ainda na syrah, uma ótima oportunidade foi poder comparar o Single Vineyard,  lançamento da Miolo, com o Testardi da mesma vinícola. Ambos são do Vale do São Francisco, mas as propostas são completamente distintas, o segundo é mais complexo e encorpado. Expressões bem interessantes da casta.

E o surpreendente Syrah Terroir da Pirineus que fica em Goiás.

Outro mperdível vinho que estava por lá: o Touriga Nacional 2017 da linha Single Vineyard da Miolo. Lançado recentemente, foi eleito o melhor tinto do Brasil pelo guia Descorchados 2018. recebendo 93 pontos

Para quem gosta de vinhos gastronômicos, saiba que a uva tintureira do Alentejo também é cultivada no Brasil, a prova é o interessante Alicante Bouschet Reserva 2013 da Pizzato. O vinho já está pronto para beber, mas recomendo aos mais pacientes, uma guarda de 2 anos.  A espera valerá muito a pena!

A minha casta queridinha, cabernet franc, me proporcionou dois agradáveis momentos na ViniBraExpo, degustar o elegante LA Clássico Cabernet Franc 2014 da Luiz Argenta e o mais encorpado e velho conhecido Ano XXI 2016 da Valmarino.

Em termos de tannat, os gaúchos tem longa expertise e produzem bons rótulos, dentre os presentes na ViniBraExpo, destaco os três abaixo. Propostas distintas e muito agradáveis.

Sou um merlover inveterado e quem curte a casta como eu, não perdeu viagem ao ir na ViniBraExpo.  Aqui também os gaúchos são os meus favoritos. Assim, degustei os imperdíveis clássicos da DO Vale dos Vinhedos, além de novidades de outras regiões como o Aracuri e o Família Lemos de Almeida. Abaixo 4 interessantes expressões da bela merlot:

Confesso que não costumo ter boas experiências com o cabernet sauvignon brazuca, poucas safras geraram vinhos que me conquistaram, mas  na ViniBraExpo me surpreendi e adorei degustar os 2 cabs abaixo, que possuem propostas bem distintas:

• o despretensioso, com médio corpo e screwcap ao invés de rolha de cortiça, Campos Altos Cabernet Sauvignon 2013 da Aracuri, produzido em Campos de Cima da Serra/RS; e
• o encorpado e bem mais complexo Cabernet Sauvignon Reserva 2014 da Pizzato.

Outra casta que adoro, mas que tenho muita dificuldade em achar boas ampolas do Brasil, é a temperamental e irresistível pinot noir. Entretanto, como a vida é uma eterna caixa de surpresas, gostei muito do Ana Cristina Pinot Noir 2015 produzido pela Villaggio Basseti localizada em São Joaquim na fria Serra Catarinense.

E falando em SC, gostei de conhecer o Montepulciano 2016 produzido pela Leone di Venezia, vinícola também localizada em São Joaquim/SC que praticamente só trabalha com castas italianas: sangiovese, montepulciano, garganega….  Este vinho levou 90 pontos no Descorchados 2018.

Neste post mencionei mais de 40 vinhos (entre tranquilos e espumantes), elaborados com umas  17 castas diferentes, por 19 vinícolas de diversos portes, localizadas em 6 estados! E aí? Vc não acha o vinho brasileiro surpreendente? Não é Interessante? Temos muito que explorar e evoluir!

Aguardamos ansiosamente a ViniBraExpo 2019. Os cariocas e o vinho brasileiro agradecem!

Veja o post da edição de 2017 da  ViniBraExpo 2017 clicando AQUI.