Depois das férias no litoral paulista, no retorno ao Rio aproveitei para conhecer mais uma vinícola da região da Serra da Mantiqueira, a Villa Santa Maria, que fica no Vale do Baú.

A Villa Santa Maria se localiza em São Bento do Sapucaí, onde fiquei em 2019 quando estive na região e visitei a Entre Vilas. Desta vez me hospedei em Santo Antônio do Pinhal, cidade próxima que possui boa estrutura de pousadas e ótima  gastronomia (clique AQUI pra saber mais). Outra opção de base é a badalada Campos do Jordão, também a curta distância de ambas.

Na propriedade são cultivadas as tintas merlot, cabernet sauvignon, cabernet franc e syrah,  sendo estas duas últimas as que melhor se adaptaram ao terroir da região. E dentre as castas brancas estão plantadas chardonnay, viognier e sauvignon blanc.

Os vinhedos de syrah e cabernet franc são manejados por meio da técnica da Dupla Poda ou Ciclo Invertido da Videira, que também é conhecida como Colheita de Inverno.

No que consiste a Dupla Poda (Colheita de Inverno)?

• Esta técnica, já comentada aqui no blog em diversos posts (GUASPARI, GÓES etc), foi desenvolvida pelo agrônomo e pesquisador mineiro Murillo Regina do EPAMIG e consiste em fazer duas podas na videira. A 1ª poda ocorre em agosto e a 2ª em janeiro. A 2ª poda “engana” a planta invertendo seu ciclo natural e com isso, ocorre florescimento em abril/maio e as uvas são colhidas no final de julho, época de inverno, onde os dias são ensolarados e secos na região, com noites frias e praticamente sem chuvas, tal qual ocorre nos meses de verão na época da colheita no hemisfério norte. Murilo Regina, que fez doutorado e pós doutorado em Bordeaux, percebeu que no inverno, esta região (sul de Minas e Serra da Mantiqueira paulista) possui condições similares ao vale do Rhône na época de colheita no verão.

As uvas são cultivadas na bela propriedade, mas a vinificação ocorre em Andradas-MG em parceria com a vinícola Casa Geraldo. Os vinhos são rotulados com o nome “Brandina” que é uma homenagem à avó dos proprietários. Na degustação, tive oportunidade de conhecer 3 vinhos brancos, 1 tinto e o hidromel, que é uma bebida milenar, de origem nórdica, fermentada à base de mel e água. Infelizmente não foi possível conhecer o espumante Brandina!

Os brancos degustados foram o Sauvignon Blanc 2019, o Assemblage Blanc 2019, que consiste num corte de sauvignon blanc e riesling, e o Chardonnay 2017.  Todos sem passagem por madeira, sendo o Chardonnay, o vinho branco que mais gostei, com suas notas cítricas e discreto abacaxi.

O tinto degustado foi o Assemblage 2019 que é um interessante corte, bem frutado, de médio corpo, que passa apenas por tanque de inox, ou seja, não faz estágio em madeira. Elaborado predominantemente com syrah, além de cabernet franc e cabernet sauvignon. Os percentuais de composição de cada casta no corte não são informados pelo produtor.

A propriedade é muito bonita e a Villa Santa Maria conta com uma organizada estrutura enoturística que inclui visitação com uma didática degustação em seguida. É possível também seguir diretamente para o agradável restaurante ou para a Bruschetteria, onde são servidas as deliciosas e imperdíveis bruschettas, especialidade da casa, além de quase todos os rótulos em taça. Há também opção de menu  harmonizado em 3 etapas.

Passando pela região vale muito a pena o programa! E ainda é Pet Friendly!