Vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais da França, Itália, Austrália e África do Sul!

A WINES4U apresentou alguns dos seus rótulos num agradável jantar harmonizado realizado no restaurante Bazzar no Rio de Janeiro. A importadora trabalha somente com vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais que são cuidadosamente escolhidos pelo seu proprietário, Andrew Crawford.

Andrew é um apaixonado pelos vinhos que são produzidos da maneira mais natural possível, tanto na vinha quanto na vinificação. Um verdadeiro winehunter, ele roda o mundo buscando trazer para seu portfólio vinhos de produção limitada e de pequenos produtores que sejam feitos com o mínimo de intervenção do homem na natureza. Segundo Andrew, ele procura vinhos que sejam bons, antes de tudo, mas que também se alinhem à filosofia e ao manejo orgânico, biodinâmico ou natural.

A crescente busca por alimentos mais naturais e saudáveis, bem como a conscientização por um mundo mais sustentável teve reflexo também no vinho. Certamente você já ouviu as expressões, “naturais”, “orgânicos” e “biodinâmicos” serem usadas em vinhos e, possivelmente, ficou em dúvida do que se tratava. Saiba que você não é o único.
Então, o que são vinhos Orgânicos, Biodinâmicos e Naturais?
Em linhas gerais:
- Orgânico é uma denominação relacionada às práticas agrícolas utilizadas no vinhedo. O vinho orgânico é aquele obtido através de uvas que foram cultivadas organicamente, ou seja, por meio de uma agricultura que tem por filosofia lidar com o meio ambiente de uma forma menos agressiva. Assim, não se permite a utilização de produtos fabricados industrialmente, tais como, fertilizantes ou adubos químicos, que são absorvidos pela raiz e podem contaminar a planta e o solo. Estão fora também os defensivos agrícolas (pesticidas, inseticidas, herbicidas e fungicidas), empregados para eliminar as pragas que prejudicam a vinha.
- A viticultura biodinâmica vai além da orgânica, pois além de seguir os mesmos preceitos desta, os produtores se baseiam no calendário lunar, já que acreditam que o desenvolvimento dos seus vinhedos é influenciado pelos astros (posição da lua e do sol) que determinam a melhor época para plantio, poda e colheita. Respeitando o ritmo natural do solo e parreirais, os frutos gerados são de melhor qualidade. Os princípios da biodinâmica foram definidos em 1924 por Rudolf Steiner, filósofo e cientista austríaco, que estudou a interligação entre o homem, as plantas, a Terra e o cosmos. Além disso, a produção biodinâmica utiliza preparos naturais nas suas parreiras para estimulá-las, tais como, chifres de vaca recheados de estrume que são enterrados no solo, do equinócio de outono até a primavera, para fazer com que as raízes da vinha desçam mais profundamente no solo e fiquem mais resistentes. Utilizam também chifres de vaca recheados com silício, que são enterrados no verão para estimular a frutificação. O conteúdo desses preparados é diluído aos poucos no solo, lembrando procedimentos da homeopatia.
- Os vinhos “naturais” são aqueles obtidos sem nenhuma intervenção no solo, nem na vinha. Também não é adicionado nenhum elemento ao mosto fermentado nem ao vinho, utilizam-se leveduras selvagens e normalmente o vinho apresenta turbidez e partículas em suspensão, pois as leveduras, em geral, não são retiradas. Esses vinhos buscam a expressão pura do seu terroir.
Agora, vamos aos vinhos da WINE4U degustados!
Acompanharam o jantar 8 vinhos: 1 espumante, 3 brancos, 2 tintos, 1 laranja e 1 vinho de sobremesa. Vinhos provenientes da França, Itália, África do Sul e Austrália, terra natal de Andrew, que apresentou cada vinho na sequência que eram servidos. Ele pessoalmente buscou estes vinhos diretamente junto aos seus produtores, visitando suas vinícolas, ouvindo suas histórias e conhecendo suas práticas.
Crémant de Bourgogne Domaine du Vissoux
Os convidados foram recebidos com o agradável espumante da Borgonha, elaborado com 100% de chardonnay. Possui acidez agradável, equilíbrio e discreta perlage. Crémant é como são chamados os espumantes produzidos na França fora da região de Champangne. Os meus crémants preferidos são da Alsácia e da Borgonha.
Leucone Basilicata Bianco IGT 2016 da Cantine Madonna delle Grazie
O surpreendente branco Leucone Basilicata acompanhou os irresistíveis pães do Bazzar. Produzido pela Cantine Madonna delle Grazie, trata-se de um vinho com gostosa acidez e mineralidade típicas do sul da Itália. Apresentou agradáveis notas cítricas e discreta flor. É um blanc de noir, ou seja, um branco vinificado a partir de uva tinta, sem contato com a casca, no caso 100% aglianico del vuture, cultivada de acordo com os preceitos da cultura orgânica. Foi o branco que mais gostei e um dos meus preferidos da noite. Possui ótima relação custo/benefício.
L’Echenault de Serre Mâcon-Chardonnay 2015 da Domaine des Crêts
C16 Langhe Bianco DOC 2016 da Fletcher Wines
Dois vinhos com expressões bem distintas da casta chardonnay, um da Itália e o outro da França foram os brancos escolhidos para acompanhar as entradas:
- L’Echenault de Serre Mâcon-Chardonnay 2015: Produzido na reonomada AOC francesa que goza de alta reputação por seus maravilhosos chardonnays. A vinícola utiliza práticas orgânicas e biodinâmicas. Este vinho possui médio corpo, agradável acidez e gostosa untuosidade. Impossível não agradar!
- C16 Langhe Bianco DOC 2016. Notas de frutas cítricas discretas. É menos complexo que o vinho anterior. A vinícola funciona numa antiga estação de trem em Barbaresco e o manejo de suas vinhas segue os preceitos orgânicos.
Estate Pinot Noir 2015 da Hoddles Creek Estate
Brézême 2014 de Domaine de Pergaud
- Estate Pinot Noir 2015. Agradável e despretensioso pinot australiano, cujos vinhedos estão localizados na região fria do Yarra Valley, tal qual a minha amada, difícil e temperamental pinot gosta. Notas de frutas vermelhas intensas. É um vinho leve, descompromissado e fácil de beber. Saiba mais sobre expressões da pinot fora da Borgonha clicando AQUI.
- Brézême 2014. 100% Syrah, proveniente da AOC Côtes-du-Rhône. Vinhedos possuem certificação orgânica e a vinificação deste foi feita de forma natural, resultando num vinho complexo e de certa forma intrigante. Não é para iniciantes. Apresentou notas vegetais, sous bois e pelica. Foi devidamente decantado antes de ser servido.
Pithos Bianco DOC 2015 da Azienda Agricola COS
Este também foi um dos meus preferidos da noite! E não poderia ser diferente, pois trata-se de um bom vinho laranja, estilo que aprecio muito. Vinhos Laranjas são os vinhos feitos com uvas brancas mas vinificados como os tintos, ou seja, entram em contato com a casca da uva durante sua produção. Saiba mais sobre eles clicando AQUI.
O Pithos Bianco DOC 2015 é produzido na Sicília pela COS, vinícola de porte maior que a dos outros vinhos apresentados no jantar. É produzido em ânforas de barro e com contato com a casaca da uva, resultando numa bela e apaixonante coloração laranja.
Produzido 100% com a casta grecanico, proveniente de vinhas em cultivo biodinâmico. É complexo, possui boa acidez e notas de frutos maduros, damasco e pêssego bem discreto. Foi decantado antes de servido. Não é um vinho para iniciantes.
Straw Mullineux 2016 da Mullineux & Leeu Family Wines
Vinho branco de sobremesa composto de 100% Chenin Blanc proveniente de vinhas orgânicas da região de Swartland na Africa do Sul. As uvas são colhidas no período de maturação normal e são deixadas para secar e concentrar açúcares em esteiras de palha. O vinho é um nectar com bom equilíbrio entre doçura e acidez. A conceituada crítica inglesa Jancis Robinson o descreveu como “um formidável Tokaji da Hungria”. Casamento perfeito com o queijo azul servido ao final.
A WINES4U fez uma ótima seleção, apresentando rótulos muito interessantes, alinhados com sua filosofia de trazer bons vinhos (orgânicos, biodinâmicos ou naturais) por preços bem competitivos.



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