Itália, Espanha e Portugal em destaque na última edição do Decanter Wine Day/RJ

A última edição do Wine Day da Decanter no Rio de Janeiro teve como tema os vinhos do Velho Mundo, especificamente Itália e Espanha, com a participação especial de produtor português do Dão!

Diversos produtores destes países, que fazem parte do catálogo da importadora, estavam presentes com seus vinhos disponíveis para degustação no evento: Ferrari, Medici Ermete, Rocca Delle Macie, Umani Ronchi, Curatolo Arini, Azuaga Navarro, Araex e Quinta dos Roques.

Havia 59 rótulos da Itália, Espanha e do Dão. Para completar, como já de praxe, além dos vinhos destes países que estavam no térreo do simpático casarão, havia no segundo andar uma espécie de bônus da Decanter, ou seja, uma seleção de vinhos de vários países do velho continente.
Na entrada estavam os espumantes e na saída estavam nos esperando as ampolas dos fortificados/doces para encerrar os trabalhos, tudo como manda o figurino.

Confira algumas das ampolas memoráveis que cruzaram meu caminho!
ESPUMANTES
Logo na entrada fomos recepcionados com espumantes do portfólio da Decanter. Uma bela abertura de trabalhos! Como sabia que havia muita coisa boa pela frente e os maravilhosos espumantes da Ferrari, escolhi apenas 2 espumantes para iniciar minha hidratação, focando nos cavas da Raventós i Blanc.


Ferrari
Ferrari produz espumantes da mais alta qualidade no norte da Itália, na região do Trento, com as castas chardonnay e pinot noir utilizando o método tradicional (champenoise), ou seja, a segunda fermentação ocorre dentro da garrafa.

- Ferrari Maximum Brut. O best seller da casa produzido com 100% chardonnay.
- Ferrari Perlé Brut 2012. Espumante safrado, mais complexo que o anterior, também elaborado unicamente com chardonnay.
- Ferrari Riserva Lunelli 2009. Este espumante, também safrado e unicamente elaborado com chardonnay é produzido com vinho base que estagiou em barricas de carvalho. Foi o que mais gostei de todos os espumantes degustados no evento.
TINTOS E BRANCOS: ITÁLIA, ESPANHA E PORTUGAL (DÃO)

UMANI RONCHI
Interessante produtor que possui vinhedos nas regiões de Marche e Abruzzo, território dos agradáveis vinhos elaborados com a branca verdicchio e a tinta montepulciano.
Aliás, fica a dica, na minha opinião, montepulciano, nero d´avola, primitivo e negroamaro são castas tintas formidáveis, perfeitas para os iniciantes em vinhos italianos e também capazes de agradar até os já iniciados.

Dentre os vinhos acima degustados, os que mais me impressionaram foram:
- Verdicchio dei Castelli di Jesi Superiore Casal di Serra 2016. Agradável branco elaborado com 100% verdicchio. Fermenta em tanques de concreto, permanecendo em contato com as leveduras por 10 meses.
- Pelago 2010. Corte formado por 50% montepulciano, 40% cabernet sauvignon e 10% merlot. Faz estágio de 14 meses em barricas de carvalho e depois 12 meses em garrafas.
- Rosso Cornero Cúmaro Riserva 2011. 100% montepulciano, com estágio em barrica de 10-14 meses e depois permanece 6 meses na garrafa.
CURATOLO ARINI
Produtor da Sicília que apresentou vinhos interessantes e bem econômicos. Gostei do frescor do despretensioso branco produzido com a grillo e dos tintos de diferentes gamas e propostas elaborados com a nero d’avola, casta autóctone da Sicília. Mas o destaque foi o fortificado Marsala Superiore Secco Sanni com 18% de álcool e elaborado com 50% grillo, 25% inzolia e 25% catarrato. Saiba mais sobre fortificados clicando AQUI.


ROCCA DELLE MACIE
Localizada no coração da região do Chianti Classico na Toscana, a vínicola foi fundada pelo produtor de cinema Italo Zingarelli, cujo filho Sergio Zingarelli, que atualmente conduz os negócios, estava presente no evento da Decanter e apresentou seus Chiantis etiquetados com o tradicional selo lendário gallo nero.

- Enocultura: Conta-se que por volta do século XVII, as cidades de Florença e Siena viviam em constantes disputas quanto a sua extensão territorial. Cansados do derramamento de sangue, foi proposta a realização de uma prova para delimitar a fronteira entre as duas cidades. A prova seria uma corrida, envolvendo um cavaleiro de cada cidade, que deveria partir em direção a outra, logo que o galo cantasse na alvorada. A fronteira seria então o ponto onde os cavaleiros se encontrassem. Os habitantes de Siena elegeram um galo branco, jovem, forte, bonito e bem nutrido. Deram-lhe uma boa quantidade de comida na véspera para que ele acordasse cheio de disposição para cantar logo que amanhecesse. Já em Florença, foi escolhido um galo negro, velho e raquítico que foi deixado sem alimentação na véspera do desafio. Faminto, o galo negro de Florença cantou cedíssimo, antes do amanhecer e o seu cavaleiro imediatamente partiu. Já o bem nutrido galo branco de Siena acordou mais tarde, já com o dia amanhecendo e cantou bem alto, mas deixou seu cavaleiro com quilômetros de desvantagem. Ao se encontrarem, os cavaleiros estavam a apenas 12 km de Siena e mais de 50 km de Florença.

Gosto muito dos Chiantis deste produtor e dentre os degustados no Decanter Wine Day destaco: o 1º e 3º vinho acima: Gran Selezione Sergio Zingarelli 2012 e o Riserva di Fizzano 2013.
Outro vinho que gostei foi o 4º vinho acima: Ser Giovetto Rosso Toscana 2011, que não pode utilizar a apelação Chianti Classico pois possui além da sangiovese (80%), cabernet sauvignon e merlot na sua composição.
O produtor apresentou também o seu Vin Santo di Chinati Classico 2010, vinho doce elaborado através do método de pacificação (appasimento) no qual as uvas utilizadas para a elaboração destes vinhos, após serem colhidas, são deixadas em esteiras sob o sol ou em caixas empilhadas em galpões por um longo período até que fiquem secas como passas.

ARZUAGA NAVARRO
Produtor de Ribera del Duero que apresentou dois excelentes vinhos da tradicional DO espanhola:
- Crianza Ribera del Duero 2015. Faz estágio de 16 meses em barrica de carvalho e possui em sua composição 95% tempranillo e 5% cabernet sauvignon
- Reserva Ribera del Duero 2011. Faz estágio de 26 meses em barrica novas de carvalho francês e possui em sua composição 95% tempranillo e 3% merlot e 2% albillo

ARAEX
A ARAEX é um grupo formado por diversos produtores espanhóis com o objetivo de unir forças para atuar e posicionar seus vinhos no mercado internacional. Dois produtores da DOCa Rioja estavam com rótulos disponíveis para degustação: Luis Cañas e Amaren. Abaixo as ampolas que mais gostei:

- Luis Cañas Crianza 2015. Elaborado com 95% Tempranillo, 5% Garnacha. Passa pelo menos 12 meses em barricas de carvalho para depois ficar mais 12 meses em garrafa antes de ser comercializado. Possui boa relação qualidade x preço.
- Luis Cañas Reserva 2012. 95% Tempranillo, 5% Graciano.
- Amaren Reseva Tempranillo 2009 provenientes de vinhedos com 40 anos de idade.
VINO DE PAGO
- Classificação existente na legislação espanhola, “vino de pago”, se aplica aos vinhos produzidos numa propriedade de elevada reputação, que utiliza somente uvas de vinhedos próprios, que devem ser vinificadas dentro dos limites da propriedade, onde deve também ser feito o envelhecimento das garrafas. São os vinhos de “terroir”, produzidos em microrregiões específicas, em terrenos muito pequenos e com condições especiais, devidamente estudadas. Essas áreas são delimitadas na maioria das vezes pela propriedade de um único produtor. Ou seja, a “DO” é praticamente a própria vinícola.
Tanto a ARZUAGA NAVARRO quanto a ARAEX trouxeram dois interessantes Vino de Pago com boa relação qualidade x preço:
- Pago Florentino 2014. 100% tempranillo.
- Pago de Cirsus 2016. 40% Merlot, 35% Syrah, 25% Tempranillo

QUINTA DOS ROQUES
Único expositor que não era italiano nem espanhol. Portugal foi muito bem representado pela Quinta dos Roques, produtor de alta qualidade do Dão. Estava presente o proprietário, Sr. Luís Lourenço juntamente com seu filho José que muito atenciosamente apresentaram seus excelentes vinhos com destaque para
- Encruzado Reserva 2016. A encruzado pelas suas características e estrutura pode ser considerada a “chardonnay” portuguesa, podendo gerar vinhos com corpo e estrutura, sem perder sua elegância e frescor como o caso deste. Passagem por barricas de carvalho.
- Dão Reserva 2015. Complexo corte composto por Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen, Tinto Cão e Tinta Roriz, que são colhidas e vinificadas juntas.

BAROLO, BARBARESCO E BRUNELLO
Como mencionei no início, além dos produtores acima, havia um segundo andar com seleção de vinhos de vários países do velho continente dos quais, para ainda ficar no tema Itália e satisfazer aqueles que não ficam sem os encorpados e potentes vinhos da tríade dos “3 B’s ” italianos, destaco:

NATURAIS E LARANJAS
Por fim para sair um pouco do convencional, havia alguns exemplares de vinhos naturais, principalmente o formidável laranja Gravner Ribolla Anfora 2008. Sou fã e apreciador de vinhos laranjas há tempos, assim este tipo de vinho já foi comentado aqui no blog diversas vezes, saiba mais sobre eles clicando AQUI.

BALANÇO FINAL: Mais outro ótimo evento da Decanter, com excelentes vinhos e mais de 100 rótulos disponíveis para degustação!
Veja como foi o Decanter Wine Day etapas Argentina e Chile realizadas em 2018 clicando nos links abaixo:
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