José Maria da Fonseca: um clássico da Península de Setúbal

Aqui no Blog, volta e meia comento sobre os vinhos e produtores da Península de Setúbal, mas não havia falado ainda sobre José Maria da Fonseca – JMF, um verdadeiro clássico da região! Assim, confiante que em breve poderemos voltar a passear com segurança, no melhor estilo #tbt, lembro da visita que fiz logo no início de 2020, pré-pandemia, à JMF no Azeitão, freguesia de Setúbal, que fica como dica para uma esticada de Lisboa!
A JMF foi fundada em 1834, quando José Maria da Fonseca, após formar-se bacharel em matemática na Universidade de Coimbra, se estabeleceu em Vila Nogueira de Azeitão. Em poucos anos começou a produzir o fortificado Moscatel de Setúbal e em 1850 foi criada a marca Periquita.

O Periquita é velho conhecido dos brasileiros, presente aqui desde 1920. O vinho é elaborado com a uva castelão (já comentada aqui no blog) que durante muito tempo era chamada também de periquita, nome que na verdade se refere ao fato de este vinho ter sua origem na propriedade Cova da Periquita, de José Maria da Fonseca, onde foi plantada a castelão na primeira metade do século XIX.
Você deve estar se perguntando: “Mas eu vou para Portugal para beber Periquita???” O Periquita de entrada de gama, aquele mais básico, eu diria que você pode deixar para beber aqui no Brasil mesmo, mas não perderia a oportunidade para conhecer outros rótulos das gamas mais superiores da linha Periquita. Como por exemplo o Periquita Superyor, cuja safra 2015 recebeu 95 pontos RP.


A JMF também produz vinhos no Alentejo, em Reguengos de Monsaraz, onde são elaborados os vinhos José de Sousa, José de Sousa Mayor e o topo de gama J de José de Sousa. Vinhos de alta qualidade. Já era fã do J e do Mayor e lá tivemos a oportunidade de degustar novamente o Mayor e o José de Sousa. São de lá também os vinhos de entrada de gama da marca Montado.

E encerramos os trabalhos com um delicioso Moscatel de Setúbal Alambre 20 anos. Um néctar!

A Casa Museu JMF por si só já vale a visita. Repleta de artefatos e história, lá você encontrará a “Catedral do Moscatel” com a maior coleção de Moscatéis de Setúbal do mundo e conhecerá a história dos vinhos de torna-viagem, que durante a expansão marítima portuguesa eram parte integrante das embarcações que comercializavam produtos trazidos do Brasil. O vinho Moscatel de Setúbal JMF era entregue sob consignação aos capitães dos navios e o que não era vendido no Novo Mundo retornava para Portugal. Percebeu-se que os Moscatéis de Setúbal mantidos nestas longas viagens em barricas, sacudidos pelas ondas, expostos ao sol e/ou ao calor do porão dos navios evoluíam positivamente ao cruzar duas vezes a linha do Equador e voltavam ainda melhores para Portugal! Por isso vinhos “torna-viagem”.
Curiosidades sobre a JMF:
- É 100% familiar gerida pela 6ª e 7ª geração.
- Exporta 60% da produção.
- Os vinhos da José Maria da Fonseca estão presentes em mais de 70 países.
- O Brasil há mais de um século (desde 1920) é o principal destino dos vinhos da JMF.
- Foi considerada uma das “Top 100 Wineries 2020”, pela revista norte-americana Wine & Spirits, sendo um dos quatro produtores portugueses a figurar neste top.
BY THE WINE

By the Wine é o bar de vinhos onde é possível beber praticamente todos os vinhos da JMF, estrategicamente localizado dentro da Casa Museu para complementar e fechar com chave de ouro sua visitação!
Estivemos também no By the Wine de Lisboa, no Chiado, e adoramos. É uma ótima opção para conhecer os vinhos da JMF sem precisar atravessar a ponte! Praticamente todos os vinhos do produtor estão disponíveis em taça, ou à copo como dizem os portugueses!
Para acompanhar os vinhos há muitas opções, entre elas pão caseiro algarvio, tábuas de queijos, queijo de Azeitão, presunto de porco preto alentejano DOP, polvo, prego do lombo, carpaccio de novilho, bochecha de vitela… E para o grand finale acompanhando um maravilhoso Moscatel de Setúbal, nada melhor do que uma Torta de Azeitão!


Fica a dica para as tão esperadas próximas viagens…
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