O Douro: sua beleza e seus vinhos

O vinho português é o segundo mais consumido no Rio, perdendo apenas para os chilenos. Já no Brasil, os lusos ocupam o terceiro lugar, atrás dos vinhos chilenos e dos argentinos. Obviamente temos laços histórico-culturais com Portugal que ajudam a explicar esses dados, mas considero fundamental a qualidade e excelência alcançada pelos vinhos portugueses, cuja reputação há muito extrapolou as fronteiras luso-brasileiras, com o reconhecimento sendo obtido através de elevadas pontuações conferidas pelos principais críticos do mundo nas mais diversas publicações especializadas. E o Douro foi a locomotiva responsável por impulsionar o vinho português.
A região tem muita história, já que a produção de vinhos no Douro é secular, com registros que datam da ocupação romana, responsável por espalhar a cultura da vinha por todas as regiões conquistadas. Uma curiosidade, que nem todos sabem, é que o Douro foi a primeira região no mundo a adotar o conceito de Denominação de Origem Controlada (DOC), que foi posteriormente seguido por demais países europeus, como Itália, França e Hungria. Foram colocados, no século XVIII, marcos de granito delimitando a região do Douro, sendo que alguns podem ser encontrados até hoje, os chamados marcos pombalinos, alusão ao Marquês de Pombal, Secretário de Estado do Reino na época e responsável pela criação da DOC.

A paisagem do Douro é deslumbrante. É considerada uma das mais belas regiões vinícolas do mundo. O rio faz diversas e estreitas curvas, entre paredões de pedra repletos de vinhedos. A estrada que acompanha parte do rio possui alguns mirantes (Miradouros, como são por lá conhecidos), e na minha opinião, um dos melhores para contemplar esse cenário espetacular é o Miradouro de São Leonardo da Galafuria, entre Peso da Régua e Vila Real. Lá, há bancos e mesas de pedra à sombra, perfeitos para curtir uma boa ampola, apreciando o visual.


A variedade de castas portuguesas é impressionante, entretanto, diferentemente das cepas que se espalharam pelo mundo alcançando o status de celebridades internacionais, (como, por exemplo, cabernet sauvignon, merlot, pinot noir e chardonnay), as uvas portuguesas se mantiveram restritas ao seu território por muitos anos. No Douro, as tintas principais são: touriga nacional (a mais emblemática de Portugal), tinto cão, tinta roriz (chamada de tempranillo na Espanha e aragonês no Alentejo), tinta barroca e touriga franca. Já entre as brancas, as principais são a malvasia, viosinho, rabigato e gouveio.
Os vinhos varietais, aqueles produzidos com uma só uva, ou monocastas, como os lusitanos costumam chamá-los, não são os mais comuns, entretanto já experimentei varietais de touriga nacional e de tinta roriz que muito me agradaram. Mas é nos cortes, nos blends, na mistura das uvas que aparece a exuberância dos vinhos do Douro, conferindo-lhes características singulares, que são sua maior riqueza. Em alguns rótulos vemos o termo “vinhas velhas”, que é usado para designar um conjunto de castas (algumas vezes dezenas de tipos diferentes) com muitos anos de vida (60, 70 e até mais de 100), plantadas juntas no mesmo lote de terreno, já que antigamente não se plantava separadamente castas por tipo, como é o padrão atual. Esses pequenos lotes são muito valorizados e capazes de produzir grandes vinhos, com características únicas.
A região é repleta de ótimos produtores, sendo difícil e injusto elaborar qualquer relação, pois provavelmente alguma boa Quinta ficaria de fora. Assim, abaixo estão alguns vinhos dignos de nota, dentre as últimas ampolas que bebi da região:
Por fim, recomendo para quem tiver a oportunidade, que se hospede numa Quinta. É a melhor maneira de conhecer o Douro e seus vinhos. Opções não faltam e dentre as que conheço, posso recomendar: a Quinta do Portal, que possui dois tipos de acomodações e um excelente restaurante; a Quinta do Crasto, com sua famosa piscina de borda infinita, voltada para o rio Douro; e a Quinta de La Rosa, com uma proposta mais simples, mas muito bem situada e também com privilegiada vista do rio.

Gosta de vinhos portugueses? Saiba mais sobre eles em :
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- Chronicle Vineyards: belos rótulos, bons vinhos do Douro
O Douro e seus vinhos já foram temas de duas colunas Boas Taças que escrevi para o jorna carioca O Sol em 26 de junho e 03 de julho de 2015.
8 Comments
Entre na discussão.
Meus parabéns, Fernando, pela sua bela e clara exposição sobre os vinhos do Douro, sem dúvida, uma das mais belas e produtora de grandes vinhos no mundo. Da próxima vez que for ao Douro não deixe de visitar a Quinta das Braceiras, no Pocinho, e provar o vinhos tinto Duvalley, considerado o melhor vinho tinto do mundo no concurso mundial de Bruxelas, em 2013, onde disputou o título, em prova cega, com 8.200 vinhos tintos de todo o mundo.
Caro Eduardo, muito obrigado pelos elogios e pela dica que foi devidamente anotada para a próxima viagem. Abs.
Fernando,
Parabéns!!! Adorei a matéria!!! 🙂
Que legal, obrigado. Fico feliz que tenha gostado!!!
Ola, Fernando.
Excelente matéria! Parabéns!!
Agora, é ir até lá e conferir as suas dicas…rs
Obrigado Marcelo. Fico feliz que tenha gostado. Tem razão, é importante conferir” in locu” Hehehehehe. Abs.
Olá Fernando, excelente seu texto. Didático, conseguindo reunir detalhes e objetividade!
Obrigado Renato. Fico Feliz que vc renha gostado. Esta é a linha do blog, textos que sejam interessantes para curiosos, iniciantes e já iniciados no mundo do vinho! Abs.