O Uruguai mostra a força de sua tannat no RWFF 2017

O Uruguai veio com força total na edição 2017 do Rio Wine & Food Festival, trazendo uma delegação histórica composta por 29 vinícolas que apresentaram vinhos de alta qualidade, num total de 125 rótulos! Os pontos altos da participação uruguaia no festival foram a Feira de Vinhos Uruguaios (Tannat Tasting Tour) e a Master Class: O melhor do Uruguai. Ambas realizadas no Clube Naval (Piraquê) às margens da Lagoa Rodrigues de Freitas, belo cenário carioca.
A Master Class O Melhor do Uruguai foi fantástica. Martin López do Instituto Nacional de Vitivinicultura (INAVI), órgão que representa oficialmente os vinhos do Uruguai, apresentou um breve panorama do setor vitivinícola do seu país, abordando aspectos econômicos, terroir e castas plantadas.

Não é surpresa para ninguém que a principal casta plantada no Uruguai é a tannat,, verdadeira ícone do país, que responde por quase metade do total de castas tintas cultivadas.
Como já mencionado aqui no blog, no post O Uruguai e sua poderosa Tannat! , a tannat possui características marcantes devido a sua alta concentração de taninos, que em média, pode ser o dobro da presente nos cabernets. É comum os iniciantes associarem os taninos a uma experiência negativa, já que eles são os responsáveis pelo amargor, provocando uma “secura” na boca e dando aquela sensação de “amarrar” ou “travar” ao final. Na verdade, quando há um desequilíbrio, o lado desagradável da tannat é ressaltado, gerando vinhos duros, ásperos e adstringentes, portanto difíceis de beber. Entretanto, quando bem trabalhada, a tannat pode gerar vinhos redondos, carnudos, com muito corpo e estrutura. E é justamente por ter conseguido domar a tannat e extrair dela suas melhores características que o Uruguai alcançou a excelência, se destacando na produção de grandes vinhos desta cepa.
Na Master Class fizemos um verdadeiro passeio pelo Uruguai, representado por 14 rótulos tops, que nos proporcionaram degustar diversos estilos de tannats, seus blends, além de um pinot noir, um espumante e um vinho licoroso.
O painel degustado:
- Favretto Dragone – Espumoso Natural Felicia 2016
- Castillo Viejo – Catamayor Pinot Noir 2015
- Nabune – Corte Barrica 2016
- Casa Grande – Super Blend 2015
- Familia Traversa – Viña Salort Syrah Tannat 2015
- Bouza – Monte Vide Eu 2015
- Finca Narbona – Luz de Luna Tannat 2013
- Pizzorno – Don Prospero Maceración Carbónica 2017
- Varela Zarranz – Tannat Crianza 2015
- Antigua Bodega – Prima Donna Tannat 2013
- Giménez Mendez – Alta Reserva Tannat 2015
- Viña Edén – Tannat Reserva 2015
- Montes Toscanini – Gran Tannat 2013
- Rodríguez Bidegain – Licor de Tannat Roble 2011
Em seguida almoçamos um delicioso cordeiro ao melhor estilo uruguaio, acompanhado por algumas das ampolas que foram apresentadas na Master Class. Devidamente hidratado, alimentado e com o caderninho de anotações na mão, segui destemido para a Tannat Tasting Tour da RWFF 2017.
O Brasil é um mercado promissor e estratégico, já que representa mais de 60% das exportações de vinhos uruguaios. Nosso vizinho do sul fez bonito, estavam representadas 29 vinícolas, ou seja, quase 15% dos 190 produtores uruguaios! Marcaram presença as mais importantes bodegas do país, entre elas, Alto de la Ballena , Antigua Bodega, Ariano, Bouza, Bracco Bosca, Carrau, Castillo Viejo, De Lucca, Juanicó/Familia Deicas, Familia Traversa, Finca Narbona, Garzón, Gimenez Mendez, H. Stagnari, Marichal, Montes Toscanini, Pisano, Pizzorno, Varela Zarranz, Viña Progreso e Viñedo de los Vientos.

Para os empreendedores a feira foi uma boa oportunidade para conhecer os vinhos de bodegas uruguaias que estão em busca de importador no Brasil, como é o caso da Casa Grande Arte e Vinha, El Capricho, Familia Dardanelli, Favretto y Dragone, Nabune, Rodríguez Bidegain, Toscanini e Viña Edén.
Sob pena de cometer injustiças ao deixar bons vinhos de fora, a seguir, alguns dos que mais gostei, dentre os mais de 60 que degustei:

A plantação de cabernet franc ainda é tímida no Uruguai (7% do total de tintas), mas como grande fã desta cepa, recorrentemente mencionada aqui no Blog (vide os posts A outra Cabernet! e Nem só de malbec vive a Argentina!), fiquei atento e notei alguns exemplares de cabernet franc bem interessantes. Destaco o excelente Ombú Reserve 2016 da Bracco Bosca, eleito o melhor cabernet franc do país pelo guia Descorchados 2017; e o Cabernet Franc-Tannat da Viña Varela Zarranz 2016:
Também merecem destaque o Eolo 2012 da Viñedo de Los Vientos e o Amat Tannat 2011 da Bodegas Carrau, eleitos pelo Descorchados 2017 o melhor blend tinto e o melhor tannat do Uruguai, respectivamente.
E os brancos? O Alvarinho do Minho ou o Albariño da Galícia? Se depender do Uruguai… Abaixo dois excelentes rótulos desta casta, o da Bouza, que acompanho há algumas safras, e o encantador Single Vineyard 2016 da Bodega Garzón:
E para fechar com chave de ouro, os vinhos de sobremesa uruguaios foram uma agradável surpresa, entre eles destaco os dois abaixo:
O resultado final é que os visitantes foram surpreendidos com uma espetacular feira, repleta de excelentes vinhos.
Já estive no Uruguai duas vezes. mas deu vontade de voltar…

2 Comments
Entre na discussão.
Olá Fernando uma bela reportagem da presença do Uruguai no RWFF2017.
Pronto para ir ao Congresso Mundial da OIV em Punta em 2018?
Abs
Muito obrigado, caro Valdiney! A idéia do Congresso da OIV é boa!!! Rsrsrsrs. Grande abraço.