Os vinhos da Eslováquia
O Leste Europeu sempre me fascinou, tanto pela beleza de suas cidades, sua atmosfera e história, quanto pelos seus vinhos. Na breve passagem que fiz na cidade da Bratislava, capital da Eslováquia, não poderia deixar de conferir algumas ampolas locais! A Bratislava fica a 80km de Viena e 200km de Budapeste, no caminho entre as duas capitais, o que faz dela uma ótima parada para quem está se deslocando de uma cidade para a outra. Também é possível fazer um bate-e-volta de Viena, de barco ou de trem, ambos levam 1 hora e foi exatamente o que fiz, escolhi ir de barco num agradável passeio pelo Danúbio.
O centro histórico da Bratislava é muito bonito e pequeno, podendo muito bem ser explorado em poucas horas e lá é que estão localizados, no mesmo prédio, o Museu da Viticultura e o Salão da Coleção Nacional do Vinho Eslovaco: O paraíso dos enoturistas!
O museu é bem pequeno e conta a história do vinho na região, que é muito antiga e data dos séculos VII e VI a.c. Estão expostos artefatos celtas para transporte do vinho desta época, Séculos depois, a cultura da vinha foi difundida pelos romanos.
E no subsolo do museu encontra-se a joia da coroa, a Coleção Nacional do Vinho Eslovaco que é formada pelos top 100 rótulos do país, selecionados por especialistas entre 7000 vinhos e renovada de tempos em tempos.
Dos 100 vinhos da coleção, 72 estão disponíveis para degustação, que pode ser feita em flags de 2, 4 ou 8 vinhos. Ou, somente para os fortes, pode-se degustar quantos vinhos conseguir em até 100 minutos! Infelizmente, não foi desta vez que pude escolher esta modalidade, estava com tempo curto, ainda queríamos passear mais e a minha esposa me lembrou das implicações motoras, e hepáticas. Assim, optamos por degustar 10 vinhos, combinação da opção de 8 com a de 2. As taças eram generosas e foi possível fazer um bom apanhado das 6 regiões produtoras da Eslováquia.
Os rótulos dos primeiros 8 vinhos degustados, sendo que o Vinidi Alibernet 2011 foi o meu favorito, entre estes.
Existem 37 castas que são oficialmente reconhecidas e plantadas na Eslováquia. São produzidos varietais e também utilizados em cortes as seguintes uvas, entre as mais conhecidas internacionalmente: cabernet sauvignon, chardonnay, sauvignon blanc, riesling e gewurztraminer. Nesse time, estão incluídas também pinot noir, gris e blanc, que lá recebem os nomes de rulandské modré, sivé e biele, respectivamente. Deixando de lado as cepas mais conhecidas, dentre as brancas mais plantadas, estão a veltlínské zelené (que é a grüner veltliner, queridinha da Áustria), rivaner, welschriesling (esta é a riesling itálico, que fora o mesmo nome, não tem nenhuma relação com sua xará da Alemanha), devin e furmint. Entre as tintas menos famosas, as mais plantadas são a blaufränkisch (conhecida localmente como lemberger), saint laurent (svätovavrinecké), dunaj (que significa Danúbio) e a alibernet.
E para encerrar, duas curiosidades sobre cepas encontradas na Eslováquia:
- A tinta alibernet, uma das que mais gostei, foi desenvolvida na Ucrânia nos anos 50, através do cruzamento da alicante bouschet com a cabernet sauvignon. A alibernet basicamente só é plantada na Eslováquia;
- A branca furmint é bem cultivada junto à fronteira com a Hungria. Além de vinhos secos, é utilizada para produzir o vinho doce Tokaj, que apesar de ser uma DOC húngara, uma minúscula parte desta região se estende pelo território eslovaco.
O universo do vinho não é mesmo fascinante?
Mais informações sobre os vinhos da Europa Central, podem ser encontradas nos posts:
- Tokaji e os vinhos húngaros!;
- O vale do Wachau, os brancos e os tintos da Áustria;
- Viena: seus vinhos e heurigers.
- Os Vinhos de Praga
7 Comments
Entre na discussão.
Olá, Fernando, como vai?
Sou grande entusiasta dos vinhos, e gostei bastante de seus textos e do modo como avalia os passeios e bebidas, meus parabéns!
No final do ano, devo fazer uma viagem ao Leste Europeu, e passarei por Praga, Budapeste, Viena, e Bratislava. Fiquei particularmente interessado e empolgado com essa degustação eslovaca aqui descrita, sensacional.
Te peço uma ajuda: gosto sobretudo de tintos secos, encorpados, com fruta contida, tânicos e, quando possível, madeira presente (desde Tempranillos espanhóis e Barolos a portugueses do Douro, Tannats, etc.), esse é o pacote que mais me agrada em uma bebida.
Conseguiria, pensando no que bebeu nesses países, se recordar de alguns rótulos que se enquadrem nesses elementos que descrevo? Mais para o caso de eu não conseguir degustar em algumas paradas, e precisar fazer compras às cegas para provar somente na volta ao Brasil….
Muito grato, e novamente, parabéns pelo site.
Caro Gustavo,
Muito obrigado, fico feliz que tenha gostado dos meus textos. Vou tentar te ajudar com base no que pediu:
1) República Tcheca: Não tive oportunidade de beber bons tintos lá. Bebi brancos frescos e econômicos. O tinto mais interessante que bebi lá foi o Moravinho Frankovka barrique. Recomedo passear na bela cidade de Cesky Krumlov;
2) Hungria: Já gostava dos excelentes brancos secos da uva Furmint, bebi vários lá muito bons, entre eles o Percze que trouxe. Os tintos húngaros me supreenderam. Provei ótimos vinhos e para vc recomendo os que trouxe: Talker Syrah e o Barbár da Heimann. Gostei muito tb do cabernet franc Hidaspetre da Mészáros Pál, mas bebi num restaurante no último dia e não o encontrei mais. Recomendo fortemente que vc viste o winebar/loja Cultivini, pois lá há dezenas de opções de vinhos em taças. Veja endereço no post Tokaji e os vinhos Húngaros;
3) Viena: Recomendo o passeio pelo Vale do Wachau, mas lá é a terra dos brancos. Os tintos que mais gostei são de Burgenland. Dentre os que bebi e trouxe, recomendo: Cuvée Impresario da Paul Keischlam; M5 da Haider e o Urban Zweigelt Grosse Reserve. Todos três excelentes. Recomendo fortemente que vc visite o wine bar Vinothek W-Einkehr, lá há ótimos rótulos e muitas opções em taça, o dono é simpático e orienta bem seus clientes; outra sugestão imperdível em Viena é visitar uma das lojas da rede Wein & Co, veja no site e escolha uma que tenha Bistrô/wine bar. Fui em várias, como a da Stephans Platz, a da Cidade Universitária, a perto do mercado (Naschmarkt) e a perto do castelo Schonbrunn. Os Heuriger de Viena são legais para conhecer e beber vinhos brancos, tintos não são seu forte,
4) Bratislava. Imperdível é o Salão do Vinho no museu de viticultura que descrevi no post Os vinhos da Eslováquia. Os tintos que mais gostei e trouxe foram o Alibernet e o Cabernet Sauvignon do Chateau Modra. Baseado no seu gosto, recomendo o primeiro.
Espero que as dicas sejam úteis e qq dúvida, não hesite em perguntar. Aproveito para convidá-lo para dar uma curtida na minha página no facebook: Vinhos com Fernando Lima.
Abs,
ok, Forte abraço!
Conseguiu trazer algum desses vinhos da Eslováquia pro Brasil?
Caro Alexandre, sim trouxe dois vinhos da Eslováquia. Infelizmente, não deu para trazer mais!!! Abs.
Bacana! Pretende abrir e comentar esses vinhos eslovacos aqui? Estou acompanhando o blog, gosto de vinhos exóticos.
Que mal lhe pergunte, você teria interesse em vender um deles?
Abraço!
Caro Alexandre, infelizmente não tenho interesse em vender estes vinhos, mas pretendo comentá-los, tão logo eu os abra. Fico feliz que esteja acompanhando e gostando do Blog. Muito obrigado. Em breve publicarei um post sobre os vinhos de Praga! Normalmente, comentários específicos de vinhos, eu faço mais na página do facebook. Assim, gostaria de convidá-lo para curtir minha página no facebook: Vinhos com Fernando Lima. Tudo que publico no blog, sai o link lá tb. Grande Abraço.