Quinta da Bacalhôa: um imperdível passeio na Península de Setúbal

Estando em Lisboa, não deixe de reservar pelo menos um dia para conhecer a região da Península de Setúbal. Uma vez lá, é imperdível visitar o Palácio da Bacalhôa, e obviamente degustar seus vinhos. Tudo isso fica a apenas 30 minutos de Lisboa, perfeito para um bate-e-volta (ou day trip como dizem os ingleses).
Há 3 possibilidades: visitar o Palácio ou a adega/museu separadamente, conforme seu interesse ou disponibilidade de tempo, ou fazer a opção que conjuga os dois, que é a que recomendo. Lembre-se que agendamento prévio é aconselhável.
PALÁCIO DA BACALHÔA

A história da propriedade remonta ao século XV quando foi inicialmente utilizada como “quinta de recreio” do infante João, filho do rei D. João I. Em 1528 foi vendida a Brás de Albuquerque que aprimorou as construções, incorporou belos azulejos e construiu a “casa do lago” para desfrutar de momentos mais frescos durante o verão. No final do século XVI, D. Maria Mendonça de Albuquerque, descendente da família, herdou a Quinta. Como o seu marido, D. Jerônimo Manuel, era conhecido pelo apelido de “Bacalhau”, a propriedade passou a ser referida como a Quinta da Bacalhôa.

O interior do Palácio também é muito interessante e bonito com diversos ambientes ricamente decorados com peças, azulejos, esculturas, pinturas e tapeçarias. De fato, a arquitetura, a decoração e os jardins do Palácio foram influenciados ao longo dos séculos pelos diferentes proprietários, inspirados pelas suas viagens através da Europa, da África e do Oriente.

O Grupo Bacalhôa Vinhos de Portugal, S.A., possui atualmente cerca de 1.200 hectares de vinhas, localizadas em 7 regiões vinícolas portuguesas, entretanto na Quinta da Bacalhôa há 14 hectares que fizeram história. Estas vinhas foram introduzidas no início da década de 70 por António Avillez, sócio da vinícola na época, com objetivo de produzir um grande vinho em Portugal, semelhante aos de qualidade elaborados em Bordeaux. Graças a esta ousadia, surgiu o Quinta da Bacalhôa Cabernet Sauvignon 1979, vinho português pioneiro em ser elaborado unicamente com castas francesas.

ADEGA/MUSEU DA BACALHÔA
Próximo ao Palácio, mas em local distinto, nas instalações da sede da Bacalhôa, onde estão localizados seus escritórios, encontra-se a adega e o museu. Lá estão expostos, de forma integrada à adega, uma incrível variedade de diferentes estilos de azulejos, “O Azulejo Português do Século XVI ao Século XX”, que celebra a arte da azulejaria ao longo de mais de cinco séculos em Portugal. Havia ainda a exposição temática “Out of Africa” com diversos utensílios e artesanatos trazidos do continente africano.
OS VINHOS DEGUSTADOS
Degustamos 01 branco, 04 tintos e 02 fortificados, inciando pelos vinhos abaixo:
- Bacalhôa Greco di Tufo 2018. Surpreendente branco elaborado com casta originária da região de Campânia, no sul da Itália. Notas cítricas e de maçã verde. Ligeiro mas com boa acidez e frescor. Sem passagem por madeira.
- Bacalhôa Syrah 2017. Notas de especiarias, com acidez bem marcante e boa persistência. Estágio de 17 meses em barricas de carvalho francês.
- Bacalhôa Merlot 2016. Redondo na boca, com taninos bem integrados e persistente. Notas de ameixa e café discreto. Passa 18 meses em barricas novas de carvalho francês.
- Bacalhôa Alicante Bouschet 2016. Vermelho rubi profundo, notas de frutas vermelhas maduras, encorpado, persistente e com bom potencial de guarda. 85% do vinho faz estágio de 11 meses em barricas de carvalho francês de segundo e terceiro uso. É um bom exemplar dessa casta. Saiba mais sobre a alicante bouschet clicando AQUI.
- Quinta da Bacalhôa 2015. Clássico da casa e velho conhecido dos brazucas. Primeira colheita foi em 1979. Elaborado com 90% de cabernet sauvignon e 10% de merlot, fica 13 meses em barricas novas de carvalho francês e pelo menos 6 meses descansando na garrafa antes de sair no mercado. Complexo com notas de frutas vermelhas, especiarias e madeira. Persistente e encorpado.

Depois das ampolas acima, seguimos para o grand finale com os maravilhosos néctares fortificados abaixo:
- Moscatel Roxo de Setúbal 10 anos 2004. Elaborado com 100% moscatel roxo de única colheita (2003). Fez estágio de 13 anos em pipas de carvalho usado de 200 litros. Possui 19,5% de teor alcoólico. Notas de flor de laranjeira, passas e mel.
- Moscatel de Setúbal Superior 10 anos 2003. Elaborado com 100% moscatel de Setúbal, a legislação exige mínimo 85% , provenientes de única colheita (2003). Faz estágio de 10 anos em pipas de carvalho usado de 200 litros. Possui 19% de teor alcoólico. Notas de flor de laranjeira, figo e nozes.
Os dois estavam formidáveis! Saiba mais sobre os vinhos fortificados da Península de Setúbal clicando AQUI

António Mendonça, diretor de exportação da Bacalhôa, nos conduziu por toda a visita. enriquecendo a experiência com a riqueza de suas informações, um professor de história nato! Conosco estava ainda a querida amiga Andreia Lucas da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, que gentilmente nos acompanhou por toda a maravilhosa experiência nesta bela região de Portugal.

A Quinta da Bacalhôa fica em Azeitão, distrito de Setúbal, terra de duas iguarias que deveriam entrar na dieta de todos, de preferência harmonizadas com um bom Moscatel:
- o Queijo de Azeitão DOP, produzido com leite de ovelha, que já conhecia e sou fã;
- a Torta de Azeitão , que não conhecia, mas graças a Andreia Lucas, conheci e fiquei fã!
4 Comments
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Oi Fernando é possivel fazer apenas a degustaçao la? Tem restaurante la? Os queijos tambem acompanham a degustaçao?
Obrigada
Heloisa
Oi Heloísa, aconselho vc enviar um email diretamente para eles (visitas@bacalhoa.pt) para perguntar todos os detalhes, pois há diversas opções e na época que lá estive havia siam a possibilidade de realizar somente degustações sem visitação. Abs.
Que maravilha Fernando! Adorei o texto e viajei na experiência. Muito bacanas as dicas.
Que legal Djalma! Fico feliz que tenha gostado. Grande abraço.