Quinta da Alorna com prova direto da barrica!
Quem me acompanha já sabe que há tempos sou fã dos vinhos da Quinta da Alorna e visitá-la sempre esteve nos meus planos, mas infelizmente cada vez que ia a Portugal não conseguia encaixá-la no roteiro, mesmo sendo tão perto de Lisboa, logo ali, a cerca de 1 hora da capital. Era uma falha grave e injustificável no meu currículo que desta vez consegui reparar! Valeu muito a pena a espera: maravilhosa recepção com visita, degustação top, almoço delicioso e com direito, ao final, a provar vinhos diretamente da barrica!
A Quinta da Alorna fica precisamente em Almerin, perto de Santarém, na região do Tejo que era conhecida como Ribatejo até 2009. A região é bem plana, sendo a única comunidade vitivinícola baseada em torno do imponente Tejo, o maior rio português. A quinta possui 220 hectares de vinha, plantados em sua maioria na zona de Charneca, que possui solos arenosos e argilosos, localizada ao leste do rio, fazendo fronteira com o Alentejo ao final.
Fomos recebidos pelo querido amigo Pedro Lufinha, diretor geral da Alorna e percorremos seu belo pátio, ouvindo suas histórias, acompanhados também pelo seu gerente de exportação, Frederico Kittler. Em seguida, entramos no imponente e belo casarão onde fizemos uma degustação muito representativa da linha de vinhos da Quinta da Alorna, conduzida pela enóloga Martha Simões.
Linha Quinta da Alorna – Vinho Regional Tejo
Esta linha é composta por 3 vinhos: branco, rosé e tinto. São vinhos bem agradáveis, com proposta mais despretensiosa. Não passam por madeira e possuem boa fruta. O branco e o tinto são cortes (ou lotes como os portugueses dizem), sendo que o rosé é elaborado apenas com touriga nacional. O rosé era o único que ainda não conhecia e gostei muito do seu frescor e da sua bela coloração.
O tinto é um corte composto por 40% syrah, 25% castelão, 20% tinta roriz e 15% alicante bouschet. Já o branco possui 40% fernão pires, 40% arinto e 20% sauvignon blanc.
Linha de Varietais – DOC do Tejo
Aqui estão os vinhos monocastas. É uma linha mais extensa que possui diversos rótulos e proposta um pouco mais complexa. Os tintos passam por madeira e os brancos somente por inox. A enóloga Martha fez uma boa seleção, na qual degustamos 2 brancos das castas verdelho e arinto e 1 tinto touriga nacional.
Os brancos eram da safra 2018 e estavam com muito frescor, extremamente agradáveis e aromáticos. Sou muito fã do arinto, mas fiquei em dúvida de qual gostei mais, pois o verdelho também estava excelente. O Touriga Nacional 2017, que faz estágio de 6 meses em barricas de carvalho de 2º uso, estava com bom corpo e equilíbrio. Acredito que num curto tempo pode ficar ainda mais interessante.
Outras castas cultivadas na Quinta fazem parte desta linha (syrah, castelão, sauvignon blanc, alvarinho…). Por diversas vezes no Brasil tive oportunidade de degustar alguns de seus outros varietais que sempre me causaram ótima impressão:
QUINTA DA ALORNA RESERVA – DOC do Tejo
É uma linha que gosto muito e acho muito interessante sua feliz proposta de fazer um corte de duas uvas, sendo sempre composto por uma grande casta portuguesa que contracena com uma estrela internacional. Cada casta contribui com o que tem de melhor! No rótulo sempre aparece primeiro o nome da portuguesa. A linha sempre passa por madeira.
- Arinto & Chardonnay 2018. 60% arinto e 40% chardonnay. Redondo na boca, possui corpo e frescor. Aromas complexo de frutas cítricas e maduras. O arinto fermenta em inox e metade do chardonnay passa 4 meses por barricas novas de carvalho francês e americano.
- Touriga Nacional & Cabernet Sauvignon 2016. 60% touriga nacional e 40% cabernet sauvignon. Uvas provenientes de vinhas com 35 anos de idade, que fazem estágio separadamente por 12 meses em barricas de 2º e 3º uso de carvalho francês e americano. É redondo na boca, com bom corpo. No nariz possui notas de especiarias, frutas maduras e violeta.
Descobri que nesta linha há o Alvarinho & Viognier que até então não sabia que existia, pois não vem para o Brasil. Ainda não provei, mas comprei uma ampola e trouxe. Em breve vou utilizar para combater as altas temperaturas cariocas.
MARQUESA DE ALORNA GRANDE RESERVA – DOC do Tejo
Linha topo de gama composta por 2 vinhos: branco e tinto. Seu nome é uma homenagem à Marquesa de Alorna, ilustre e antiga proprietária da Quinta. São vinhos complexos, persistentes, muito estruturados e gastronômicos. O corte é segredo da Quinta, mas sabe-se que nele entram as melhores castas do ano e não é produzido em todas as safras. O branco já apareceu no blog (saiba mais clicando AQUI).
- Marquesa de Alorna Grande Reserva Branco 2015. Na composição entraram 5 castas, fez estágio de 8 meses em madeira e depois permaneceu 9 meses na garrafa. Um excelente branco.
- Marquesa de Alorna Grande Reserva Tinto 2015. Composto por 4 castas, fez estágio de 14 meses em barricas novas de carvalho francês e depois permaneceu 12 meses na garrafa.
Ambos são vinhos muito premiados, bem pontuados internacionalmente e são uma ótima compra devido a excelente relação preço/qualidade.
Seguimos para o delicioso almoço, acompanhados do Arinto & Chardonnay que foi muito bem com a Sopa de Pá de Pedra de Almerin que adorei conhecer; e do Marquesa de Alorna Tinto que harmonizou perfeitamente com o delicioso prato de bacalhau.
E o grand finale foi o Abafado 5 anos, que é um vinho fortificado feito com 100% fernão pires. Na sua elaboração, após rápida fermentação, o mosto é “abafado” com adição de aguardente vínica. Faz estágio de 5 anos em barricas usadas de carvalho francês. Surpreendente vinho que recebeu 92 pts RP e custa apenas inacreditáveis 6,00 euros, mas infelizmente não é vendido no Brasil!!!! Todos os vinhos estão disponíveis na loja da Quinta que fica estrategicamente localizada na estrada principal.
Após o almoço, a enóloga Martha Simões gentilmente nos levou para provar vinhos diretamente do barril! Degustamos arinto que estava envelhecendo no carvalho e touriga nacional! Provar vinhos diretamente da barrica e ver o quanto ainda podem e irão evoluir é sempre uma experiência muito legal!
Direto do Túnel do Tempo: Coluna que escrevi para o jornal O Sol em 04 de março de 2016 falando dos vinhos do Tejo:
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