O Natal está chegando! E com ele a expectativa da ceia com os nossos familiares queridos. Sinônimo de mesa farta, repleta de sabores e aromas. É o momento perfeito para abrir nossos melhores rótulos e botar na mesa aquelas ampolas que foram cuidadosamente guardadas para ocasiões especiais, certo?

Não necessariamente! Se a festa reunir muita gente, comida variada e muita bebida além dos vinhos, esqueça! Será muito difícil escolher um vinho capaz de acompanhar bem todos os pratos e agradar a todos. Nessa hora, precisamos ser práticos e objetivos, evitando assim, frustrações com relação ao vinhaço que merecia uma ocasião só para ele.   Ao invés daquele super vinho, o ideal é ter várias opções agradáveis, honestas e fáceis de beber, deixando a ceia seguir seu curso…

Sem extremismos ou fundamentalismos, neste momento, creio que não cabem preocupações rígidas e surrealistas com harmonização!! Entretanto, abaixo vão algumas dicas que podem ajudar, para que o vinho, mesmo em papel coadjuvante, contribua para o sucesso da noite natalina!!

• Enquanto não chegam todos os convidados para ir hidratando e entretendo os pontuais, que tal um Vinho Verde bem frutado, ou um branco português da uva arinto ou um delicioso espumante brazuca?

• Os espumantes são sempre muito bem-vindos e adequados para o nosso clima. São ótimos coringas, perfeitos para abertura da noite, brindes e entradas. São capazes de agradar a diversos paladares e harmonizar com vários pratos de carne branca. Se puder abrir um Champanhe, ótimo. Caso contrário, você ficará muito bem servido com os excelentes espumantes nacionais! Temos produtos da mais alta qualidade! A sugestão é, além dos espumantes brut, extra but ou nature, separar um bom moscatel, que irá agradar os convidados menos iniciados no mundo do vinho e agraciará os enófilos mais exigentes como um adequado acompanhamento para as sobremesas e panetones.

Aqui no blog e no meu Instagram há diversas dicas de bons espumantes brazucas!

• Para as receitas de bacalhau leves, como bacalhau com natas, fique com um branco português, como um Alvarinho barricado ou um Encruzado do Dão. por exemplo. Se for o lombo do bacalhau, como o à lagareira ou na brasa ou ao forno, além dos brancos portugueses mais estruturados, sugiro um Chardonnay argentino, uruguaio, chileno ou brazuca, com passagem por madeira. No caso das receitas mais temperadas, tal como o Zé do Pipo, optaria por um tinto leve e frutado, que poderia ser alentejano ou da Península de Setúbal. E o bacalhau à portuguesa eu casaria com um tinto português com pouco tanino ou com um merlot brasileiro de médio corpo, de preferência do RS.
• O peru e o chester sempre estão presentes nas mesas de Natal. Estas aves normalmente são um pouco secas e esta sensação é reforçada pelo seu acompanhamento clássico, a farofinha. Assim, nada de vinhos muito tânicos. Desastre na certa! Eles só irão ampliar a sensação de secura na boca. Aqui, mais uma vez, ficaria com os brancos ou no máximo com os tintos leves e jovens. Um Pinot Noir gaúcho, catarinense ou chileno; até um Merlot brazuca, com leve passagem por madeira, podem cair muito bem. O grande problema dos pratos natalinos são os molhos doces, feitos com passas, damascos e outras frutas secas. Temos que buscar o equilíbrio com eles. Para a galera que curte o pernil ou o presunto tender, sugiro um Malbec dos hermanos ou um Merlot gaúcho, bem frutados. Outra opção seria um vinho catarinense elaborado com castas tintas italianas pode ter a acidez necessária para encarar o prato.
• A harmonização de pratos de frutos do mar é regida pelo seu preparo, mas em geral vinhos brancos com agradável frescor (acidez) são boas escolhas, como um Sauvignon Blanc chileno ou brazuca (RS, SC, SP, MG ou RJ), um Chardonnay argentino ou brasileiro sem passagem ou com breve passagem por barrica, ou até mesmo um Chablis, se o orçamento permitir e quiser ficar na Chardonnay. Uma alternativa bacana seria um vinho branco catarinense elaborado com castas italianas.  Alentejanos brancos são sempre bem-vindos como os vinhos brancos da Península de Setúbal ou Tejo.
• Os pratos de carne suína, dependendo da preparação, podem ser bem acompanhados por vinhos brancos como um Chardonnay  do novo mundo (no Brasil temos ótimos exemplares) ou um belo Riesling. Tintos portugueses também podem ir bem. Outra boa aposta seria um Tempranillo espanhol, argentino ou uruguaio.

Sei que não é fácil agradar cunhados(as), primos, tios, agregados… e sogras!!!  Devemos ser pragmáticos e criativos, gastar apenas o necessário para uma noite prazerosa. Fazer boas escolhas, mas sem maiores sofisticações com o vinho, sem cuidados excessivos e se valendo de harmonizações adequadas que busquem tornar a ceia ainda mais agradável! Ninguém precisa ser escravo da harmonização para isso!

E a rabanada? Ficará ainda melhor se acompanhada por um Moscatel de Setúbal, vinho do Porto ou espumante moscatel brasileiro!

Feliz Natal para todos! E taça sempre cheia!!! Ho! Ho! Ho!

Harmonização é uma ciência complexa e longe de ser exata! E praticá-la pode ser bem divertida! Para quem quer se aprofundar no tema recomendo o livro “Feitos um para o Outro” do Celio Alzer. Você ficará craque no assunto! Clique AQUI e saiba mais  sobre este e outros livros bacanas.