Vinhos de Altitude de Santa Catarina, a mais nova IP de vinhos do Brasil!

Desde 29/06/2021 o Brasil conta com mais uma Indicação Geográfica (IG) de vinhos na modalidade Indicação de Procedência (IP): Vinhos de Altitude de Santa Catarina, conforme publicado pelo INPI na Revista da Propriedade Industrial (RPI) nº 2634.
Foi uma long road! O processo de busca pelo selo de Indicação Geográfica se iniciou há cerca de oito anos e, há dois anos, foi requerida oficialmente pela Associação Vinhos de Altitude Produtores & Associados em parceria com o Sebrae/SC, Epagri, Embrapa, Secretaria de Agricultura do Estado (SAR), Amures, UFSC e Prefeitura de São Joaquim. A partir de 2022, os produtores da região poderão solicitar o selo IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina.
Tá certo, que legal! Muito maneiro! Mas o que significa isso mesmo? O que é IG? IP? Há outras no Brasil? Quais? Onde?
Já comentamos aqui no blog no post da IP Campanha Gaúcha, mas relembramos resumidamente que no caso de vinhos, no Brasil temos:
- As Indicações Geográficas (IG) identificam vinhos originários de uma área geográfica delimitada quando determinada qualidade, reputação ou outra característica são essencialmente atribuídas a essa origem geográfica.
- No Brasil, existem 2 modalidades de Indicações Geográficas (IG): a Indicação de Procedência (IP) e a Denominação de Origem (DO);
- IP se aplica às regiões que se tornaram reconhecidas na produção de vinhos, ou seja, obtiveram reputação. É uma área delimitada que pode estabelecer regras quanto ao cultivo e a vinificação; e
- DO vai além da IP, pois se aplica também a uma área geográfica delimitada com regras estabelecidas, mas os vinhos devem comprovadamente apresentar qualidades ou características que se devem essencialmente ao meio geográfico, incluídos os fatores naturais e os fatores humanos, ou seja, o vinho com a marca do lugar, sua singularidade, sua peculiaridade. O vinho apresentará características que só existem ali e portanto só ficam impressas no vinho lá elaborado com as uvas também cultivadas na região;
- No Brasil o registro de Indicação Geográfica deve ser requerido junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), com base na Lei da Propriedade Industrial brasileira e outras normativas legais. O processo passa por longa e criteriosa análise até seu deferimento


NA EUROPA
Como recordar é viver, também já foi dito aqui no blog que no Velho Mundo o conceito de indicação geográfica é muito forte. Além de criar vínculo com o consumidor, norteando suas escolhas pessoais no momento da compra, a criação de uma IG (DOP/IGP) traz como benefícios a organização coletiva dos produtores, o estímulo à economia local e o fortalecimento do nome dos produtos da região, com impactos determinantes na competitividade e com reflexo significativo na atividade do enoturismo.
DOP (Denominação de Origem Protegida):
IGP (Indicação Geográfica Protegida):
Agora, finalmente, vamos a nossa recém nascida IP VINHOS DE ALTITUDE DE SANTA CATARINA.
IP VINHOS DE ALTITUDE DE SANTA CATARINA
A delimitação geográfica da IP corresponde a cerca de 20% do território do estado catarinense englobando: Água Doce, Alfredo Wagner Anitápolis, Arroio Trinta, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Brunópolis, Caçador, Campo Belo do Sul, Campos Novos, Capão Alto, Cerro Negro, Curitibanos, Fraiburgo, Frei Rogério, Iomerê, Lages, Macieira, Monte Carlo, Painel, Pinheiro Preto, Rancho Queimado, Rio das Antas, Salto Veloso, São Joaquim, São José do Cerrito, Tangará, Treze Tílias, Urubici, Urupema, Vargem Bonita e Videira.
Atualmente, o estado produz mais de 1 milhão de garrafas/ano, em cerca de 300 hectares de vinhedos cultivados a pelo menos 900 metros acima do nível do mar. São 22 vinícolas associadas e mais de 80 viticultores que fazem parte do território delimitado.
A concessão da Indicação Geográfica Santa Catarina, da espécie Indicação de Procedência (IP) engloba vinho fino, vinho nobre, vinho licoroso, espumante natural, vinho moscatel espumante e brandy. Lembrando que pela Legislação Brasileira (Lei 7.678/1998 com as alterações da Lei 10.970/2004):
- Vinho fino: elaborado exclusivamente a partir de uvas viníferas (vittis vinifera) com teor alcóolico de 8,6-14%
- Vinho nobre: elaborado a a partir de vittis vinifera mas com teor alcóolico de 14,1-16%
- Vinho licoroso: vinho com teor alcóolico de 14-18%
- Brandy: destilado obtido a partir de vinho branco

Na região, há cultivo das tradicionais castas francesas como merlot e cabernet sauvignon, com especial destaque para a pinot noir, sauvignon blanc e chardonnay. Além disso, há maravilhosas expressões de castas italianas tintas e brancas, entre elas sangiovese, montepulciano, vermentino, garganega, grechetto, ribolla gialla…

A seguir algumas ampolas de produtores de Santa Catarina que passaram pela minha taça, cujos rótulos pude registrar! Como jurado da GPVB por diversos anos, já degustei outros rótulos da região, mas como as avaliações são sempre às cegas e só bem depois sabemos qual o vinho degustado, não foi possível fazer o registro. De toda forma, agora quero degustar in loco e já estou com viagem marcada para a região. Em breve estarei por lá visitando, degustando mais vinhos e escrevendo mais posts…
1) LEONE DI VENEZIA
Saiba mais sobre a LV no post “Leone di Venezia e suas castas italianas na Serra Catarinense” clicando AQUI




2) VINHEDOS DO MONTE AGUDO




Mais fotos da vista à Vinhedos do Monte Agudo clique AQUI
3) VILLAGGIO BASSETTI
Saiba mais sobre a VB no post “Villaggio Bassetti e seus vinhos de altitude em SC” clicando AQUI



Mais fotos da vista à Villaggio Bassetti clique AQUI
4) VILLA FRANCIONI
Saiba mais sobre a VF no post “A imperdível Villa Francioni” clicando AQUI


Para mais fotos da minha visita à Villa Francioni clique AQUI
5) VILLAGGIO CONTI
Saiba mais sobre a VC no post A “Villaggio Conti e seus vinhos italianos em SC “clicando AQUI


Para mais fotos da minha visita à Villaggio Conti clique AQUI
6) THERA


Mais fotos da visita a THERA no meus Instagram clique AQUI
7) d’alture
Mais fotos da visita a d´alture no Instagram clique AQUI
8) COMENDADOR
Comendador é uma marca do négociant Vilson Borges da Casa do Vinho, loja que possui matriz em São Joaquim e filiais em Lages e Urubici
9) PERICÓ

10) QUINTA DA NENVE


11) ABREU & GARCIA




12) SANTA AUGUSTA


13) SUZIN


14) VIVALTI
15) CATA TERROIRS e VILLAGGIO GRANDO
O
E para quem quiser se aprofundar mais no tema, recomendo ler a matéria escrita pela jornalista Claudia Meneses na coluna Saideira do jornal O Globo:
Na coluna há depoimentos de produtores da região e do maior especialista em vinhos brasileiros, Rogério Dardeau, autor de diversos livros sobre o tema. Além disso, ao final, sugiro 06 interessantes vinhos da região.
ENOTURISMO: Para os que forem visitar a região recomendo ler meu post “Entre Vinícolas e Restaurantes, 10 sugestões para curtir a Serra Catarinense” clicando AQUI
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12 Comments
Entre na discussão.
Excelente post! Fiquei encantada com uma reportagem que vi sobre os vinhos de Altitude. Estou montando um roteiro pra Serra Catarinense. A vindima de lá é de março a abril. Espero ir no próximo ano.
Que legal, muito obrigado Daniele! Fico feliz que tenha gostado do post. Recomendo muito visitar a Serra Catarinense. Veja meus outros posts sobre a região. Grande abraço.
Qua aula! Parabéns, Fernando!
Muito Obrigado Luiz Fernando! Abs.
Parabéns pelo post. A serra catarinense é surpreendente, um terroir único e é um baita orgulho ver mais uma região brasileira sendo reconhecida.
Muito obrigado Cristina, vc tem toda razão!
Caro Fernando, parabéns mais uma vez agora por essa postagem, mostrando além de informações da nossa nova IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina e situando todo o contexto das denominações e indicações de procedência no Brasil e no mundo.
Caro Túlio! Muito obrigado! Fico feliz que tenha gostado do conteúdo! Grande abraço!
Nobre amigo Fernando Lima.
Essa foi uma verdadeira aula sobre o atual, e brilhante, momento dos vinhos de altitude.
A região e o amigo estão em outro patamar.
Parabéns.
Prezado Marcelo, grato pelas palavras! Grande abraço.
Excelente texto Fernando, tive a oportunidade de acompanhar a evolução da região em duas visitas que fiz a Serra Catarinense, a primeira em 2009 e a segunda em 2019.
Muita coisa boa aconteceu nesses 10 anos, mas para mim os destaques foram os vinhos de castas italianas e o SB da Serra.
Tenho certeza que daqui a 10 anos será um dos maiores destino de Enoturismo do Brasil.
Viva a nova IP
Obrigado, prezado Marcos Henrique! Fico feliz que tenha gostado do texto! Suas dicas de turismo e enoturismo pela região foram preciosas! Grande abraço.